06/04/14 at 09:00
Noto agora mais que nunca que me tornei uma pessoa demasiado solitária. Por muito que fale com pessoas durante as minhas horas de emprego, a questão permanece que quando vou para casa pouco falo e não tenho amigos com quem ir tomar um café numa esplanada ao fim de semana.

Quando era pequenina isto era mais ou menos evidente, pois passava demasiado tempo enfiada no meu mundo dos livros ou aluada do mundo, mas quando entrei no décimo ano tudo mudou; ganhei amigos que gostavam de falar comigo, gostavam de estar comigo, e (para meu desgosto) também gostavam de gozar comigo. Não que eu me importasse, porque achava que eram demonstrações de amizade e não me era permitido sentir aborrecida por esses comentários menos bons. Isto porque o novo namorado da minha então amiga costumava trocar o olá habitual por um “és mesmo feia!” e toda a gente achava piada. Haha! Oh eu a rir-me.

Depois com a faculdade vieram as provas de amizade, que depressa se manifestaram demasiado trabalhosas para quase toda a gente do grupo. Todos nós fizemos novas amizades (eu fiz uma que ainda dura e da qual me orgulho imenso) e os velhos passeios por ruas calcetadas foram esquecidos. Depressa me dei conta que só tinha uma pessoa a quem confidenciar, e na altura pareceu-me suficiente, e dei-me por contente.

Na verdade, gosto de sair sozinha. Estou tão habituada a julgamentos menos positivos quando estou acompanhada que se tornou hábito sair sozinha e procurar falar o menos possível com quem não tenho confiança, para que os julgamentos fiquem na cabeça das pessoas em vez de lhes saírem pela boca fora para que eu os ouça de pouca vontade. Mas quem raio é que gosta de ouvir “Isto fica-te mal” “que é isso?” “credo, para onde foi a Marie de há x anos atrás?” Oh, sei lá, perdeu-se. Parece estranho se calhar estar a dizer isto (afinal sou uma pessoa adulta e devia já saber lidar com este tipo de coisas) mas as minhas habilitações socias não são as melhores, contrariamente ao que diz no meu currículo (shh).

Anos passaram e reparo agora para minha tristeza que do grupo “para sempre” do décimo ano, só metade perdura. Custa-me ver que todos os meus esforços para que existam reencontros são apenas frustrações do meu lado e não preocupações mútuas. Hoje, no meu aniversário, e além de ter convidado dez pessoas para virem passar este dia comigo, nenhuma se predispôs a o fazer. Talvez seja melhor assim? Mas não é isso que eu sinto cá dentro.

Estou sozinha numa solidão que não vai embora e com os anos a passar cada vez se vai tornar mais difícil criar novas amizades para substituir as que já não existem…

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